#ResenhasDeLeitura – Morte em família
Olá TaBEERneiros,
Assisti ao teaser da super aguardada terceira temporada de Titans e como muitas outras pessoas que assistiram, vi traços do clássico e emocionante quadrinho do Batman: “Morte em família”.
Pode ser que a DC acerte muito a mão, como nas duas primeiras temporadas da série, e faça algo ainda melhor ou ao encurtar muito a história unindo-a ao universo de Titans e já trazendo o Capuz Vermelho, faça algo muito corrido e raso e que não agrade tanto aos fãs.
De certa forma, a série já vem funcionando bem nesses resumos e, assim como aconteceu a transformação de Dick Grayson em Asa Noturna em duas temporadas, pode ser que a transformação do Jason Todd em Capuz Vermelho também em duas temporadas funcione bem.
Os paralelos entre a história de Jason Todd na série Titans e nos quadrinhos tiveram seus pilares estabelecidos na segunda temporada da série e pelo que foi mostrado no teaser, chegarão ao auge na temporada em moldes muito próximos do quadrinho “Morte em família“, já que temos a imagem do jovem Robin em uma investigação, seguido da risada característica do Coringa, um pé de cabra ensanguentado e o vislumbre de uma cena de espancamento que pode ser a adaptação da cena da HQ, onde o Palhaço tortura o Robin com um pé de cabra.
Traçados os paralelos entre o que pôde ser visto no teaser e o que ocorre no quadrinho, me veio o sabor nostálgico de quando o li pela primeira vez, no início dos anos 90. Foi o primeiro quadrinho que comprei e foi logo com a “morte” de um herói. O que na época, para mim, foi um choque, na verdade foi algo aclamado por fãs.
Pra quem não conhece a história, Jason Todd era um personagem que não era nem um pouco querido pelos fãs do Homem Morcego. Como está sendo bem retratado na série, Jason era rebelde e inconsequente. A sua falta de controle começou a irritar os fãs da época. Como resultado, os editores da DC realizaram uma pesquisa via telefone sobre qual deveria ser o destino do herói e em sua maioria esmagadora, os fãs resolveram decretar a sentença: morte!
Eis que em 1988, o roteirista Jim Starlin nos apresenta uma história que inicia dando mais notas de destaque sobre o temperamento do segundo Robin em sua relação com o Batman e traz para a trama o objetivo que o levaria até o encontro mortal com o Coringa. Todd descobre que sua mãe biológica ainda está viva e inicia sua busca por ela, inclusive fora dos Estados Unidos, ao mesmo tempo que o Coringa escapa de Arkham e sai do país.
Na época, haviam vários episódios de política externa e econômica dos Estados Unidos que foram referenciadas na obra, como o fato do vilão possuir uma arma nuclear sob seu controle, o que representava a preocupação do país com o terrorismo vindo do Irã e às políticas econômicas implantadas pelo presidente Ronald Reagan.
Indo direto ao ponto, Robin consegue encontrar sua mãe biológica, mas… Ela o entrega ao Coringa, que o espanca com um pé de cabra. Após toda a tortura, o vilão explode o local onde está o garoto prodígio junto com sua mãe. A violência aplicada é acima da média com uma narrativa quase perfeita e que vai aflorando as emoções ao longo da trama, como os flashbacks do Bruce durante a busca ao seu parceiro até o momento em que ele o encontra nos escombros e o toma nos braços.
Você, leitor, sente que a linha que separa o herói do anti-herói está prestes a romper e que, ainda assim, traz um final que faz o fã pensar se realmente um herói seria capaz de dar cabo de um vilão. Ainda mais em se tratando do Batman. Quem é fã do Homem Morcego e leu a HQ entende do que estou falando.
A obra é um clássico justamente por trazer um roteiro que apresentava a realidade da época amarrada a um desfecho aclamado pelos fãs. A arte era linda, apesar de não ter todo um primor por parte dos ambientes, tinha o contraponto de ser detalhada nas feições e emoções demonstradas pelos personagens. Você sente a tristeza, o ódio e o instinto de vingança no Batman, assim como sente o arrependimento no olhar da Dra. Haywood (mãe do Robin) e o prazer insano do Coringa durante a tortura com pé de cabra. É o encontro perfeito entre a arte de Jim Aparo com o roteiro do Jim Starlin.
Eu, particularmente, fico eufórico e, ao mesmo tempo, preocupado pois sou apaixonado por essa história. Ela me remete muitas lembranças, sendo o primeiro quadrinho que eu adquiri em uma pequena banca lá no Centro de Mesquita (RJ), mas isso é história para um outro momento.
Serviço:
Quadrinho: Batman: Morte em Família (Batman: A Death in the Family #426-429, EUA, 1988 )
Roteiro: Jim Starlin
Arte: Jim Aparo
Arte-Final: Mike DeCarlo
Capa: Mike Mignola
Editora: DC Comics
Editora no Brasil: Abril Jovem
Páginas: 125