A coragem da Marvel e a chance perdida pela DC Comics

Olha mãe, tô na Tabeerna Geek! Digo… Bem vindos, jovens, ao multiverso mais confuso que há. Um espaço entre a Terra-616 e a Terra-1, sem esquecer os Ultimates e a JSA. Bem vindo a Amalgama que não aquela vergonhosa dos anos 90.

O espaço aqui é para discutir quadrinhos, HQ, gibi, gibizão e qualquer outra gíria que você tenha para definir uma das expressões culturais mais influentes desde o começo do século passado, e que em diversos momentos tomou partido do que acontecia no mundo e trouxe para si as discussões que estavam em pauta na mesa de jantar, e do bar, de todos. E o tema da nossa estreia é justamente esse.

Recentemente, tanto a Marvel quanto a DC Comics fizeram o famoso REBOOT em seus universos dos quadrinhos para abrir espaço para novas tramas, vilões ou mesmo dar aquela repaginada merecida em velhos conhecidos dos leitores. Na Marvel, o arco responsável pelas mudanças foi “Guerras Secretas” de 2015/2016, enquanto a DC lançou o “Rebirth” no começo deste ano, e uniu a seu universo os personagens da “Vertigo”, tais como o famoso Jonh “Hellblazer” Constantine e os queridinhos de Watchmen. Mas esses devaneios de começar tudo de novo novamente é assunto para outro momento. O assunto agora são mudanças na sociedade.

Existe uma gritante diferença na forma de encarar mudanças sociais e incorporá-las em seus universos quando o assunto é tratado pelos poderosos da Marvel e da DC Comics. Parem por um momento e olhem para os principais super heróis em ambos os universos e vejam que a diferença é brutal.

Pensem na lista A de heróis do universo Marvel? Pensaram? Provavelmente a sua lista é encabeçada por Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Homem Aranha, Hulk, certo? Ou Steve Rogers, Tony Stark, Odinson, Peter Parker e Bruce Banner? Bem, ledo engano. Atualmente eles são Sam Wilson, Riri Wiliams e Victor von Doom (AQUELE mesmo), Jane Foster, Mile Morales e Amadeus Cho. Claro, não é a primeira vez que a Marvel muda as identidades secretas de seus personagens, todavia, dessa vez ela tomou uma posição que divide seus fãs.

Quanto a DC Comics, seus personagens principais Batman, Superman, Flash, Aquaman e Mulher Maravilha seguem imutáveis em “Rebirth”, com apenas a substituição de Clark Kent por Clark Smith, um Superman de outra Terra que possui esposa e um filho, John, o mais novo Superboy. Assim, Bruce Wayne, Clark Smith, Barry Allen, Arthur Curry e Diana seguem encabeçando o panteão de heróis da empresa da Califórnia. Seja por medo de perda de identidade ou apenas por conservadorismo mesmo, a DC Comics historicamente resiste em alterar qualquer aspecto fundamental em seus personagens principais como, por exemplo, a etnia. Assim, perde a chance de fazer uma inclusão maior de representatividade, onde parte do público não se identifica com seus personagens.

Perceberam a diferença? Enquanto a Marvel teve a coragem de trazer todas as tensões sociais para suas páginas e mudar seu universo dos quadrinhos, colocando um Capitão América negro, uma nova heroína de armadura adolescente e negra, um homem aranha negro e hispânico, um novo homem de ferro que é um vilão reformado e um Hulk asiático, que unem forças a Ms. Marvel Kamala Khan, de origem paquistanesa, a DC Comics segue hesitando em relação a esse tipo de mudança quando tem a chance, mexendo apenas em seus personagens secundários, como o novo Kid Flash. Uma pena.

Se quiserem mais informações sobre como e quando aconteceram essas mudanças todas no universo MARVEL ou só trocar uma ideia sobre quadrinhos, só falar comigo pelo twitter no @rdrmoraes